Basta de Insegurança!!
A insegurança gera pânico e medo, priva a liberdade do cidadão e do consumidor, consequentemente afecta psicologicamente a confiança, a procura e a aquisição de produtos de Ourivesaria.
Todos estes actos criminosos são, cada vez mais, muito bem planeados, executados com sucesso e de uma violência física e psicológica inimaginável há alguns anos atrás.
As vítimas, muitas delas, acabam por desistir da actividade que desenvolveram durante anos, ficando somente aqueles que não têm alternativa ou insistem na loucura esperançosa de lutar por dias melhores.
Nas horas seguintes a estes atrozes actos o comerciante volta a renovar o seu espaço comercial, renova o seu stock para poder continuar a servir aqueles que nele confiam, mas nada apaga o desgosto que fica. Durante os dias mais próximos, gera-se uma onda de solidariedade entre colegas e clientes, reorganizam-se comportamentos e atitudes, renovam-se os sistemas de segurança na expectativa de que nada volte a acontecer.
Num sector de actividade muito pouco únido em defesa desta e d'outras causas e com falta de liderança e peso político, por parte das associações do sector, para exigir eficácia na prevenção, no combate, e na adequação do código penal para penalizar, de forma exemplar e justa, todos aqueles que cometem estes crimes. Deveriam, igualmente, reivindicar junto do Poder Central mais meios financeiros, humanos e técnicos junto das forças da autoridade para que as investigações tivessem sucesso e não fossem encerradas prematuramente por falta provas.
Devemos seguir o exemplo de outros sectores como o das pescas, agricultura, revendedores de combustiveis, entre outros, que sempre que lhes bate à porta o infortúnio unem-se em volta de uma causa hasteados sob uma bandeira de apoio e sentido de luta e solidariedade exigindo, daqueles que tem a responsabilidade, a garantia dos seus direitos fundamentais como o da segurança e justiça.
Não podemos, nem devemos, ficar indiferentes a este desagradavel fenómeno e expectantes que a mudança se dê por obra do dívino, continuando a "assobiar para o ar" como se nada estivesse a acontecer.
Quando fazemos uma visita pelas ourivesarias do nosso país, verificamos que todas elas estão descaracterizadas. Com uma oferta de stock muito reduzida quer em quantidade, quer em qualidade - muito stock de ouro de 9kt e 14kt e aço. Muitas delas estão com a porta fechada, polícia ou segurança à porta e pessoal de atendimento desmotivado e inseguro.
Perante esta realidade o consumidor não encontra, no sector, as condições ideais para comprar ou adquirir produtos de ourivesaria, hábito que está enraizado na nossa história e cultura. Os poucos resistentes que ainda o fazem, acabam por adquirir objectos de menor valor pois, também eles, já foram vítimas da crueldade da ambição de outros.
Perante este cenário a motivação para aquisição de produtos de ourivesaria vê-se, progressivamente, reduzida, o que está a transformar este sector comercial e industrial, em tempos fonte de muitas receitas em impostos pagos ao País, num sector moribundo.
Têm-se verificado que muitos destes actos bem planeados têm origem em grupos de outros pontos da Europa deslocando-se até junto de nós e aproveitando as facilidades e liberdades que lhes proporcionamos, e concretizando, com suscesso, os seus propósitos. Com a abertura das fornteiras, ao abrigo do Acordo de Shengen, criando a livre circulação dentro de todo o espaço europeu, sem fiscalização ou controlo, estes "profissionais do crime" deslocam-se facilmente, e em poucas horas, encontram-se em vários pontos da Europa o que torna a investigação dos seus crimes inviável. Ressalvo que durante o Euro 2004, as fronteiras portuguesas tinham pontos de fiscalização estratégicos o que permitiu detectar actos ilícitos como contrafacção, trafico de droga, facturas falsas, emigração ilegal e posse ilícita de armas de fogo, entre outros. Isto originou no imediato uma série de receitas fiscais, coimas e contribuiu para a segurança e o sucesso desta medida, infelizmente, temporária.
Perante este exemplo, e outros que poderia citar, não entendo o motivo pelo qual não temos, nas nossas fronteiras o controle mínimo necessário para dissuadir e evitar a entrada de todos os que para cá vem com a pior das intenções.
Finalizo com uma mensagem de apoio a todos os que já foram vítimas, não só de assaltos e da violência a eles agragados, mas igualmente da inércia e incapacidade das organizações e entidades que têm, como motivo de existência, a nossa defesa e protecção.
Se nada for feito futuro aviznha-se negro para todos.