Os amores eternos da Tavares
Desde muito cedo, recordo-me de ouvir histórias de amor por entre as paredes da nossa ourivesaria. Histórias que, muitas vezes, eram partilhadas e enaltecidas nos nossos momentos em família. Sempre momentos de celebração. Sempre momentos felizes. Cresci a saber e sentir que ali havia muito mais do que um espaço comercial. Não vendíamos somente joias. Partilhávamos momentos. Partilhávamos sentimentos. Ali celebrávamos – e continuamos a celebrar – o lado mais valioso da vida.
Este sentimento cresceu, consolidou e acompanhou-me sempre. Até hoje, posso dizer. O saber que a casa Tavares é muito mais do que uma empresa. Carrega uma missão de ouro. É, tantas vezes, o ombro amigo que acolhe quem a visita. Um refúgio. O lugar onde se vai em busca da materialização dos sentimentos. Da textura perfeita que lhes dá forma. A Tavares não é nossa, é de todos e de todas que caminham até ela. Que entram nesta casa para partilhar connosco os seus momentos de celebração. Há momentos mais sublimes do que estes?
Com a passagem do tempo e os dias que correm velozes, por vezes esquecemo-nos de parar. Mergulhar nas nossas memórias e perceber porque somos hoje o que somos, porque seguimos o nosso caminho. E num desses mergulhos no meu ser, encontrei a razão que me fez acreditar que os amores que passam pela casa Tavares são preciosos e eternos. Lembrei-me de um casal que recebi, em 2013, como tantos outros, no nosso espaço. Vinham repletos de uma luz que ilumina os apaixonados. Mão na mão, sorriso nos lábios, passos mais lentos pela passagem do tempo. O Adão e a Fernanda. Esse casal que 25 anos antes nos tinha procurado para materializar a celebração das suas bodas de prata. Reconheci-os de imediato. Nunca nos esquecemos daqueles que personificam a nossa mais valiosa missão. O nosso dever. Este nosso propósito. Era então chegado o momento de os receber para a celebração das suas bodas de ouro.
Nesse momento de partilha do lado mais valioso da vida, recuámos até 1963. Data em que o meu pai recebeu o jovem Adão para o acompanhar na escolha mais preciosa e certa da sua vida: o anel de noivado que ficaria para sempre no dedo da sua amada, Fernanda. Recordo-me bem das histórias que o meu pai contava. Também ele sabia que os amores eternos existem e têm forma. Esse sentimento iluminava as suas palavras e transformava as suas frases em melodia. Essas histórias de amor real, que testemunhamos ao longo de várias vidas e gerações e que continuo a querer partilhar com todos. Com a minha família e com todas as pessoas que entram nesta nossa casa. Também elas são a nossa família, porque nos trazem tanto de si e levam para sempre – nos seus legados – tanto de nós.
O Adão e a Fernanda e muitos outros que – se o tempo me permitir – vos contarei um dia, foram a inspiração para este novo ciclo da Tavares que pretende dar voz às Histórias de Amor que passam por nós e vivem fora dos livros. Foi este o instante que me fez parar, pensar, refletir e sorrir ao perceber o quão valiosa é a nossa missão: cravar no mais nobre metal todo o amor, a esperança, o orgulho de fazermos parte de momentos únicos, ímpares e felizes. E trazê-los connosco na memória para a eternidade.
É este o nosso compromisso.
A História de Amor do Adão e da Fernanda que viveu e floresceu fora dos livros está já escrita. Era tão bela que não quis deixar de registá-la logo a seguir, em 2014.
Com lealdade,
Carlos Tavares