Notas de um Perito e Avaliador de Artigos com Metais Preciosos e Materiais Gemologicos.
Os meus estudos, investigações e avaliações sobre algumas das minhas paixões: ourivesaria, numismática, pedras preciosas, ...
Ascender à liderança de uma empresa é dar um salto astronómico na evolução profissional.
Ser a pessoa que está no último patamar é sinónimo da responsabilidade última sobre as principais e mais impactantes decisões numa organização, pelo que o seu perfil e capacidades devem estar em consonância com os objetivos pretendidos para a sociedade. Associando-se a imperativa necessidade de sucessão da gestão nas empresas familiares ao natural desejo das gerações mais novas em assumir esta função de enorme poder, estão criadas as principais condições para se delinear e implementar um plano de preparação dos futuros líderes. Para além da necessária e contínua postura formativa pessoal, a experiência profissional desempenha um papel fulcral nesse processo.
Sendo importante percecionar esta situação, o estudo da Russel Reynolds debruçou-se sobre qual a trajetória profissional dos CEO. Os resultados confirmaram a ideia de, nas empresas familiares, a sucessão ser normalmente assegurada por membros internos à própria entidade: mais de dois terços das respostas. Contudo, analisando-se os extremos opostos, constata-se que esta realidade em Espanha representa cerca de 85% dos casos, em contraste com os 58% da Alemanha. Estes dados não permitem intuir se os sucessores são ou não da família, mas o que podem representar de mais significativo, e que os sócios e líderes atuais da empresa devem ponderar aquando da definição do perfil ou do planeamento da preparação de potenciais gestores, é o impacto que experiências em entidades externas à própria organização poderão ter na formação dos seus futuros líderes.
Virgílio Aristides Tavares cumpriu o serviço militar no início do séc. XX, tendo estado em França na I Grande Guerra Mundial, saindo do Exército Português como 2º Sargento. Associando a sua aprendizagem da arte de ourivesaria no Porto à sua veia empreendedora, funda em 1922 a Ourivesaria Tavares, com sede na Rua da Junqueira, nº 54, Póvoa de Varzim. Num contexto económico difícil, rapidamente percebeu que o desenvolvimento do negócio implicava a conquista de clientes noutras terras, pelo que passou a comercializar as peças que confecionava nas feiras semanais e anuais de muitas terras vizinhas ou mesmo mais longínquas. Do seu casamento com Isolina Andrade nasceram quatro filhos, dos quais dois - Miguel e Simão Tavares – asseguraram a continuidade do negócio.
A 5 anos de alcançar o seu centenário, a Ourivesaria Tavares é liderada por Ana e Carlos Tavares. Estes dois irmãos e membros da 3ª geração, filhos de Miguel Tavares, que assumiram a propriedade da empresa em 2010, têm sido uns grandes impulsionadores do negócio. O Carlos, após conclusão do ensino secundário, passou a frequentar e a ajudar o pai na ourivesaria da familia. O interesse pelo negócio leva-o a fazer diversa formação especializada na área dos metais preciosos e dos diamantes, sendo atualmente um reconhecido perito e avaliador de bens na área da ourivesaria, joalharia, relojoaria, numismática e pratas decorativas. Com o seu impulso, a Ourivesaria Tavares foi a 1ª empresa portuguesa de conceção, manufatura e comercialização de produtos de ouro, prata, joalharia e relojoaria, certificada pela norma de qualidade ISO 9001. Peças únicas e exclusivas, arte sacra, marca própria de alianças (Wedd), representação de reconhecidas marcas, loja online, participação em feiras e exposições da área são uma evolução suportada na seriedade e serviço que vão assegurar a sua competitividade e transição para a 4ª geração familiar.
O Posto de Turismo engalanou-se para a inauguração da exposição “A Lenda dos Namorados da Póvoa de Varzim”, que reuniu, ontem ao final da tarde, algumas figuras emblemáticas da sociedade poveira, que assim deram contexto histórico e social ao Dia de São Valentim no concelho. O reputado escritor e jornalista poveiro José de Azevedo, a diretora do Museu Municipal, Deolinda Carneiro, e Carlos Tavares, sócio-gerente da Ourivesaria Tavares foram os palestrantes do evento, que contou com o Presidente da Câmara Municipal, Aires Pereira, como convidado de honra. O edil aproveitou a oportunidade para anunciar que a Póvoa de Varzim vai celebrar o Dia dos Namorados com uma iniciativa inédita, “É bom namorar aqui”, que “surgiu a partir de uma ideia do Carlos Tavares” e será realizada em parceria com o comércio local. “Decidimos criar uma imagem e uma lembrança para oferecer a quem vier à Póvoa de Varzim comemorar o São Valentim. Durante todo o dia de 14 de fevereiro, pessoas devidamente identificadas irão visitar e animar os estabelecimentos comerciais, os hotéis, as lojas, os restaurantes e entregar um coração em terracota e um cartão que conta a Lenda da Fortaleza”, confirmou Aires Pereira, que pretende que este “pequeno mimo” sirva para que os casais de namorados “levem uma lembrança da nossa terra e para que fiquem com vontade de voltar à Póvoa de Varzim.” O autarca falou ainda num projeto para o futuro, com a criação de um espaço na Fortaleza para que os casais apaixonados possam depositar um aloquete, “que faça com que a tradição perdure e a história do amor continue ligada.” Aires Pereira defendeu a importância deste tipo de iniciativas, por entender que o município tem a “obrigação de ser indutor da tradição que é necessária criar” e deve continuar a “promover parcerias com o comércio local e a elaborar sinergias que potenciem o esforço das empresas na criação de emprego e riqueza, de modo a que as pessoas fiquem ligadas à nossa terra”. “Sem comércio e sem vendas, o Dia dos Namorados é um dia igual aos outros. Devemos aproveitar estas oportunidades para mudarmos hábitos e para que a Póvoa de Varzim deixe marca e seja lembrada. O que seria das nossas ruas mais icónicas sem comércio? Estariam sem luz, sem gente e vazias de propósito. Destes desafios faz-se emprego e faz-se cidade”, concluiu o edil, depois de deixar um agradecimento à Ourivesaria Tavares, “um exemplo de persistência e de como manter a sua marca sem nunca perder a tradição.” José de Azevedo começou por explicar que um dos motivos que o levou a aceitar o convite da organização foi o facto de os “poveiros serem renitentes em conhecer a história local e a Póvoa de Varzim ser uma terra parca em lendas, e as que há são demasiado fantasiosas”. De seguida, o escritor prendeu a plateia com “A Nossa Fortaleza e a Lenda dos Namorados”, retratando a bonita história de amor (filial, pátrio e à nossa terra) que é a história da Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição, a que os poveiros carinhosamente tratam por “Castelo”. Criada para defender o Reino, e principalmente a enseada poveira (cobiçada pela abundância de sargaço e qualidade e quantidade de peixe), a sua construção foi iniciada no Século XV e só seria finalizada já no Século XVIII. É na Capela da Fortaleza que se concentram mais histórias. Aí, muitas moças de xaile e avental fizeram as suas primeiras juras de amor; a classe piscatória implorou a proteção divina para as suas embarcações e homens do mar; muitos pais assistiram ao salvamento dos seus filhos; muitos noivos imploraram a Nossa Senhora uma união eterna e feliz e, em segredo, colocaram um aloquete em forma de coração no velho pórtico da capela, implorando uma união feliz para toda a vida, que os “amarrasse” na vida e na morte. Imbuído no espírito da iniciativa que promete animar o concelho poveiro para o Dia dos Namorados, José de Azevedo terminou a sua participação afirmando que “é bom namorar na Póvoa de Varzim!" Presente para falar um pouco sobre a temática das tendências, das coleções e do “traje de outros tempos”, a diretora do Museu Municipal, Deolinda Carneiro, esclareceu que “o traje de casamento só surgiu com a Rainha Vitória, no século XIX, sendo o branco um sinal de pureza, de virgindade e uma cor que não se associava a nenhum País específico, numa época em que eram frequentes casamentos entre pessoas de diferentes estados na Corte Europeia.” No entanto, “o povo e a burguesia mantinham o preto, que era a cor das cerimónias e que servia para todas as ocasiões especiais. As mulheres vestiam saia pelas costas, capa, blusa, saia preta, brincos de ouro e fio com cruz e o homem usava fato preto, barrete vermelho ou preto e cordão e relógio de ouro. No caso dos homens, o fato servia inclusivamente de mortalhas, no dia em que iam a enterrar”, concluiu Deolinda Carneiro. Carlos Tavares focou a sua atenção nas matérias-primas usadas no casamento e nas características do ouro, do diamante e das alianças e anéis de noivado. Relativamente ao ouro, este destaca-se pela cor e brilho, resistência, ductilidade e densidade, enquanto o diamante é o material “mais duro à face da Terra”, é bastante resistente à corrosão e não parte. Ambos os materiais são extremamente raros e apetecíveis para a celebração de ocasiões especiais. O sócio-gerente da Ourivesaria Tavares passou então a explicar que a aliança foi introduzida no ano de 860 por decreto papal e “simboliza um acordo entre duas pessoas, funcionando como símbolo de eternidade. A sua forma circular e perfeita sem fim realça o que se pretende numa relação e funciona como um ato público, com o casal a colocar um objeto na mão esquerda para destacar a relação”. Em relação ao anel de noivado, Carlos Tavares explicou que a sua existência remonta ao ano de 1477, quando o Arquiduque Maximiliano da Áustria ofereceu um anel de noivado a Maria de Borgonha, que consistia “num aro com um diamante por cima, que abençoaria a relação por ser um material raro e resistente." Organizada pelo município da Póvoa de Varzim, em parceria com a Ourivesaria Tavares, a exposição contém peças de ourivesaria alusivas ao tema, incluindo uma coleção de réplicas dos diamantes mais raros do Mundo, cortesia da Ourivesaria Tavares. “A Lenda dos Namorados da Póvoa de Varzim” estará em exposição no Posto de Turismo até ao dia 19 de fevereiro.
SIC: Portal da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim